Lojas Americanas, Blockbuster e Toys “R” Us – O que elas tem em comum?
Diz um ditado no mundo empresarial que empresas “felizes” e de sucesso são felizes por diferentes motivos enquanto empresas “tristes” e que desaparecem são infelizes sempre pelos mesmos motivos.
Quando analisamos os acontecimentos recentes com as Lojas Americanas e mergulhamos nos detalhes para entender as razões da “tragédia” em que chegou com a recuperação judicial, tem se a impressão que seus gestores nuca estudaram sobre as causas comuns que levaram muitas empresas de bilhões de US$ à falência.
A sensação é que a liderança da Lojas Americanas “se achava” conhecedora das boas praticas e nunca teve a humildade de reavalair e auditar a qualidade da adminisitração dos mais básicos processos de gestão. Apesar de terem acionistas de referência “famosos” e aclamados como os melhores gestores do Brasil, cometeram erros de gestão que colocam em dúvida a qualidade e competência de seus gestores.
Para entender o que se passou com a Lojas Americanas, que ainda não quebrou, basta estudar alguns exemplos de grandes empresas como Blockbuster e Toys “R” Us que faliram por cometerem erros que podemos ver em outras tantas empresas que desaparecem e que agora estão presentes quando estudamos a gestão das Lojas Americanas. Vale ressaltar que nesse post iremos deixar de lado os fatores “desonestidade” e “fraude”, que são impensáveis na cartilha do líder ético e de sucesso, e vamos nos ater aos erros “primários” de gestão que o CEO da Americanas e sua equipe cometeram nos últimos anos.
Abaixo listamos os principais erros que levaram a Blockbuster e a Toys “R” Us a falência, e que de alguma forma são parecidos aos que conduziram as Lojas Americanas (que ainda não faliram) a uma recuperação judicial. Alguns dos principais erros foram:
- Incapacidade de se adaptar às mudanças nas condições do mercado: a Blockbuster e a Toys “R” Us falharam em reconhecer a mudança no comportamento do consumidor em relação ao entretenimento digital e às compras online. Eles não investiram em plataformas online ou serviços de streaming cedo o suficiente para competir com rivais emergentes como Netflix e Amazon. Nesse item a Americanas nunca conseguiu otimizar suas multiplas plataformas digitais de e-commerce sendo superada pelo Mercado Livre e Amazon.
- Dependência excessiva de modelos de negócios desatualizados: ambas as empresas dependiam fortemente de lojas físicas como sua principal fonte de receita e não consideravam fluxos de receita ou modelos de negócios alternativos. Isso os tornava vulneráveis às mudanças nas condições do mercado e nas preferências do consumidor. Nesse item se repete a incompetência dos gestores das Lojas Americanas, que tentaram diversificar fazendo investimentos em outras linhas de produtos que nunca tiveram sucesso.
- Má gestão financeira: a Blockbuster e a Toys “R” Us contraíram muitas dívidas e fizeram aquisições caras que não agregaram valor significativo ao negócio. Elas também falharam em controlar seus custos operacionais, levando a problemas financeiros difíceis de recuperar. Nesse item a Americanas repetiu praticamente 100% desse erro, fazendo aquisições caras de operações que nunca entregaram os resultados esperados. Também tinham uma estratégia na área de compras que nunca conseguia as melhores negociações, o que resultava em produtos com preços maiores que os concorrentes. Outro ponto da má gestão financeira das Lojas Americanas que não podemos deixar de mencionar é a “contabilidade criativa” dos gestores, que transformaram dívidas financeiras em “contas a pagar a fornecedores”. Como pode uma empresa que possui acionistas bilionários em comum com empresas como Ambev e Kraft nunca ter visto esse erro básico?
- Falta de inovação: ambas as empresas falharam em inovar e se diferenciar dos concorrentes, o que levou ao declínio da participação de mercado e da receita. Eles demoraram a adotar novas tecnologias ou criar novas linhas de produtos, o que as colocou em desvantagem em relação aos rivais mais inovadores. Mais um item onde a Americanas replicou a estratégia da Blockbuster e Toys “R” Us, pois suas lojas e sua plataforma online não inovaram e não possuíam um diferencial competitivo, nem uma vantagem competitiva em relação aos competidores.
No geral, a liderança da Blockbuster e da Toys “R” Us falhou em antecipar e responder às mudanças no mercado e no comportamento do consumidor, o que acabou levando ao seu declínio e eventual falência.
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E com essa análise, podemos traçar um paralelo com os gestores das Lojas Americanas, que foram igualmente incompetentes para competir no mercado altamente competitivo que é o do varejo, pois não souberam preparar e desenvolver suas lideranças para os principais desafios de uma organização: Estar sempre se reinventando através de muita inovação e controle rígido dos custos.
Caso tivessem seguido a “cartilha básica” da boa liderança, não estariam na situação que se encontram e nem precisariam ter feito uso da “contabilidade criativa”.
Vemos agora uma séria de ações de “sobrevivência” sendo tomadas pelos novos gestores tentando resgatar a saude da empresa o que parece uma empreitada dificil mas não impossivel. Vamos torcer para que consigam sobreviver e voltar a crescer preservando muitos empregos.
Agora fica a pergunta que os acionistas e dirigentes deveriam estar se fazendo: “O consumidor sentiria falta caso a Lojas Americanas desaparecesse?”
By AE-R.Lopes