O mundo corporativo, independentemente do setor, sempre buscou uma métrica PERFEITA, que pudesse medir a qualidade do investimento, em determinados ativos, bem como a performance do seu empreendedor e/ou executivo.
Estes profissionais sempre foram desafiados por seus acionistas a entregarem mais valor pelo capital investido.
Por muito tempo, as avaliações de performance dos executivos, eram baseadas em indicadores tradicionais oriundos do Demonstrativo de Resultado e Fluxo de Caixa.
Os números do Resultado Operacional, EBIT(Lucros antes dos impostos e taxas) e o EBITDA(lucro antes dos impostos, taxas, depreciação e amortização) eram os mais utilizados.
Para empresas altamente alavancadas, ou seja, com alto índice de endividamento, a geração de caixa EBITDA bem como a redução do Capital de Giro eram indicadores preferidos.
Todos estes índices são importantes na avaliação de uma operação / negócio, mas muitas vezes não retrata a qualidade do investimento.
Você pode estar apresentando um resultado operacional fantástico, seguido por uma grande geração de caixa, MAS com estoques excessivos e prazo longo de recebimento de cliente, que implica em capital de giro acima do recomendado. Ou seja, você está desperdiçando o capital dos acionistas, que poderia estar aplicado em outros ativos de melhor rendimento.
Existem também diferenciação na definição dos indicadores de acordo com o setor. O segmento da indústria e comercio sempre foi mais conservador, enquanto o mercado financeiro / bancos utilizam políticas agressivas de remuneração executivas.
Surge na década de 1920, em especial na área industrial da Alemanha e tamb[em utilizada pela GM, um novo indicador que viria a ser considerado pelos investidores modernos, como o melhor critério de avaliação dos executivos que é o VALOR ECONOMICO ADICIONADO (EVA-ECONOMIC VALUE ADDED).
Este indicador ficou esquecido ou pouco utilizado até os anos 1980, quando foi patenteado por Joel Stern e G. Bennett Stewart III, sendo posteriormente disseminado pela Consultoria Stern Stewart Co, tornando-se a partir daí popular em muitas empresas como medida de performance.
Valor econômico adicionado ou, ainda, valor agregado é uma noção que permite medir o valor criado por um agente econômico.
Em uma empresa, o valor adicionado é a contribuição adicional de um recurso, atividade ou processo para a fabricação de um produto ou prestação de um serviço.
Em termos macroeconômicos, é o valor dos bens produzidos por uma economia, depois de deduzidos os custos dos insumos adquiridos de terceiros (matérias-primas, serviços, bens intermediários), utilizados na produção.
Do Inglês, EVA: Economic Value Added.
A fórmula para o cálculo do EVA é composto por: Lucro Operacional após o Imposto de Renda e Custo de Capital, desta forma:
EVA= Lucro Operacional após o Imposto de Renda – (Capital Investido x Custo de Oportunidade)
Objetivos
Um dos objetivos principais do EVA, cuja metodologia principal está apoiada em conceitos de Administração Financeira, é demonstrar se uma empresa está efetivamente criando valor aos seus acionistas. Baseado neste ponto, o indicador permite a executivos, acionistas e investidores, avaliar com clareza se um capital empregado aplicado em um determinado negócio está sendo bem remunerado. Principais objetivos:
- Possibilita a avaliação das decisões tomadas pelos gestores da empresa bem como a projeção de cenários futuros;
- Possibilita o conhecimento das causas da criação/destruição de valor e permite indicar as alternativas que podem reverter a situação;
- Concentra os esforços de toda a empresa para incrementar operacionalmente os negócios e aumentar a riqueza dos sócios/investidores no longo prazo;
- Torna transparente aos gestores o objetivo mínimo de remuneração aos sócios e acionistas;
- Pela sua simplicidade, permite a gestores não financeiros o entendimento do método, o qual permite seu acompanhamento e a aplicabilidade na busca dos resultados traçados.
Basicamente são três os meios de adicionar valor e uma empresa:
- Tentar lucrar mais sem usar mais capital: geralmente esta alternativa está associada à redução de custos e cortes: porém é importante lembrar que existem diversas formas de elevar o faturamento, explorando-se oportunidades de mercado e as necessidades dos clientes;
- Usar menos capital nas operações: neste caso, a empresa deve centrar ações na revisão dos processos e das despesas e custos a eles atrelados; também considerar venda de ativos desnecessários a geração daqueles resultados. Existem empresas que preferem alugar um prédio do que construir sua própria sede pois este ativo não é obrigatório na geração de resultados adicionais;
- Investir em projetos de retorno elevado: a utilização de todo ou parte do capital, deve ser extremamente criteriosa, de maneira que somente se busque selecionar e investir em projetos de alto retorno.
Um exemplo simples seria considerar o investimento em uma loja de comercio de roupa com um investimento inicial de R$1.000.000,00. Ao pensar neste projeto, o investidor tem que comparar com o rendimento que também pode obter se aplicasse o mesmo valor no mercado financeiro.
Vamos considerar, por exemplo, uma remuneração de 12% ao ano. Sendo assim você terá garantido, sem risco, uma receita de R$120.000,00 anuais se deixar aplicado o sistema financeiro.
Este empreendimento tem que gerar EVA um valor maior que os 12% para valer a pena correr o risco deste empreendimento.
Na figura abaixo temos um exemplo positivo, onde o processo de mais valia, foi adicionado e o mercado, se propõe a pagar mais pela empresa, devido a geração de valor. Em contrapartida vemos também a destruição de valor, onde o valor de mercado proposto é menor do que efetivamente vale seu capital.
Metodologia de Cálculo
O cálculo do EVA, assume inúmeras variantes, porém no seu conceito básico pode ser demonstrado abaixo:
Cálculo do EVA – Através da Teoria das Finanças
Cálculo do Capital Empregado
Capital Empregado | $ | % | |
Passivo Circulante/Exigível | 60.000 | 60,0% | |
Patrimônio Líquido | 40.000 | 40,0% | |
Total do Passivo | 100.000 | 100,0% | |
Custo do Capital Próprio (1) | 18,0% | ||
Custo do Capital de Terceiros (2) | 20,0% | ||
Alíquota do Imposto de Renda | 25,0% | ||
Cálculo do Custo do Capital de Terceiros | |||
Taxa Bruta x (1- IR) | 20,0% x (1-0,25) | = 15,0% | |
Cálculo médio ponderado de Capital | |||
WACC3 = (0,60 x 15,0%) + (0,40 x 18,0%) | WACC = 16,2% | ||
(1) Definido pelo acionista, ou seja, quando ele espera ganhar comparando com o custo de oportunidade oferecido por outra fonte (2) Definido pelo mercado (geralmente expresso por taxas de financiamentos/empréstimos)
Cálculo do EVA
Estrutura do Balanço Patrimonial | DRE Simplicado ($) | Cálculo da ROI[5] | |||
Ativo Total (Investimentos) | = $ 100.000 | Receitas
(-) Custos |
150.000
( 80.000) |
ROI = Lucro Oper (-) IR /
Investimentos |
|
Passivo Total
Patrimônio Líquido |
= $ 60.000
= $ 40.000 |
Lucro Bruto
(-) Despesas |
70.000
( 30.000) |
ROI = $ 40.000 – 25,0% /
% 100.000 |
|
Lucro Operacional1
Imposto de Renda 2 NOPAT (1-2)[6] |
40.000
( 10.000) 30.000 |
ROI = $ 30.000 / $ 100.000
ROI = 30,0% |
|||
EVA$ – EVA em valores Absolutos | EVA% – EVA em valores percentuais |
EVA$ = ( ROI – WACC ) x Investimentos | EVA% = ROI – WACC |
EVA$ = ( 30,0% – 16,2% ) x 100.000 | EVA% = 30,0% – 16,2% |
EVA$ = 13,80 % x 100.000 | EVA% = 13,80% ( ROI Residual) |
EVA$ = $ 18.000 |
Nós, da Academia de Executivos, entendemos que este deveria ser o principal indicador utilizado na avaliação de performance dos empreendedores e executivos.
O EVA faz com o que o executivo tire o foco do Demonstrativo de Resultados e passe a olhar as linhas do Balanço, uma vez que todo capital investido tem que se justificar. Ele passa ter uma visão completa do negócio.
Por exemplo, se existe ativos que possam ser vendidos (prédios, terrenos, etc.) ou se os recebíveis dos clientes estão com prazos muito longos, ou se os prazos com os fornecedores estão curtos, etc.
Esta metodologia, quando aplicada de maneira eficaz, transforma empresas medíocres em operações vencedoras, uma vez que transforma colaboradores em sócios que vão usufruir da riqueza gerada. Normalmente os acionistas separam um percentual % do valor adicionado para distribuir aos colaboradores, em especial aos principais executivos, não estabelecendo “teto” de ganho na remuneração variável.
Mesmo em operações com EVA negativos, a utilização deste modelo é positiva, pois pode estabelece metas de redução da “destruição do valor”. Aqui a missão é reduzir a perda e reverter o EVA para positivo.
Existem inúmeras maneiras de definir formulas usando este indicador. Você pode usar uma formula que use o EVA do ano corrente versus o do ano anterior e distribui parte do valor adicionado. Outra alternativa é usar somente um percentual sobre o EVA gerado naquele ano. Este tema será explorado em nosso curso intensivo que inicia em breve.
Como executivo, ocupando posições como Presidente e CEO, de empresas multinacional e nacional nos últimos 20 anos, e utilizando o EVA e seu modelo para calculo da remuneração variável, posso assegurar sua eficácia.
A transparência do processo, com regras claras e conhecidas pela quadro de executivos, aumenta o engajamento e comprometimento da equipe. Isto evita surpresas com valores subjetivos de bônus definidos pelas acionistas de acordo com o “achometro” dos acionistas e/ou do seu chefe.
Seja sempre transparente com as regras do jogo e você terá a fidelidades eterna da equipe.
A medida de performance EVA é uma Marca Registrada da Stern Stewart Co