O que é prioridade para o RH, segundo os CEOs

Pesquisa com 192 executivos no Brasil aponta as principais agendas na gestão de pessoas

Por Jacilio Saraiva – Jornal Valor Econômico

03/10/2023

As prioridades de trabalho da área de recursos humanos, segundo CEOs de empresas no Brasil, são: treinamento (28%), recrutamento e seleção (25,6%) e engajamento (15,8%). É o que indica pesquisa feita pela Flash People, unidade de negócios de gestão de pessoas da Flash, do mercado de benefícios corporativos.

O levantamento, realizado entre o final de 2022 e o primeiro trimestre de 2023, ouviu 192 executivos, entre profissionais de RH (52%), sócios-fundadores (28%) e CEOs (20%) de companhias de diferentes portes, que atuam em setores como serviços (36%), indústria (27%) e tecnologia (23%).

“A maioria dos CEOs vê o treinamento como a maior prioridade do RH por conta do desafio de capacitar os colaboradores na velocidade que o negócio precisa para crescer”, explica Jan Christian, diretor geral da Flash People.

Christian lembra que o estudo também revela que o recrutamento continua sendo um nicho estratégico, por ser a porta de entrada dos talentos nas corporações. “Um processo de seleção que ajuda a identificar os candidatos mais alinhados com a cultura organizacional e as necessidades da empresa tem grande impacto nos resultados financeiros”, diz.

Engajamento na berlinda

Outra descoberta da análise, segundo o executivo, foi a diferença da visão de CEOs e gestores de pessoas em relação ao engajamento das equipes. Enquanto essa agenda aparece em terceiro lugar entre as preferências do RH apontadas pelos CEOs, com 15,8% de participação, surge na quarta posição na lista de tarefas essenciais consideradas pelos diretores de RH (12,5%).

Pesquisa aponta que 43% dos RHs das empresas têm mais de sete ferramentas digitais diferentes para fazer a gestão de processos — Foto: Unsplash

Os CEOs estão preocupados com o “desengajamento”, que acomete firmas no mundo inteiro, diz o executivo. “Essa realidade tem afetado os negócios porque impacta na produtividade dos colaboradores.”

Já a divergência de priorização, entre os dirigentes das companhias e os chefes de RH, se dá pela complexidade do tema, explica Christian. “O engajamento é uma frente de atuação influenciada por vários fatores, como clima organizacional e avaliação de performance, liderança e remuneração.”

Para a Flash, o primeiro passo para enfrentar o desafio da falta de comprometimento nos times é usar ferramentas digitais de maneira estratégica, interagindo com os funcionários pelos canais que eles mais utilizam, como o celular, e não por meio de portais de baixo acesso.

“Segundo a pesquisa, 43% dos RHs das empresas têm mais de sete ferramentas digitais diferentes para fazer a gestão de processos”, diz.

Cabeça aberta

Diante dos resultados do relatório, o diretor recomenda uma abordagem de operação mais ampla do RH. “A área de recursos humanos, como a conhecemos hoje, é relativamente nova”, diz. “Há poucos anos, estava mais focada em funções de departamento pessoal, como admissão, desligamento, controle de ponto e benefícios.”

Agora, segundo o executivo, o setor ganha uma relevância estratégica para a direção e os conselhos das empresas. “Por isso, precisa deixar de considerar processos como ‘caixinhas separadas’ que não se conectam e buscar soluções integradas, que facilitem a visão do todo.”

Quando analisamos as demandas conduzidas pelo RH, continua Jan Christian, a maioria pode se conectar, entre si, de alguma maneira e ainda gerar impactos positivos quando associadas. “É como, por exemplo, incrementar a análise de dados para tornar a área mais eficiente e, ao mesmo tempo, conseguir melhorar a experiência dos empregados”, destaca.

Prioridades dos CEOs e das chefias de RH, em %

Leia também: Saiba quais são as prioridades da Gestão de Pessoas em 2023