A Educação Executiva Não Tem Educação: A Obsolescência das Escolas de Negócios Tradicionais (Parte 2)

A Educação Executiva Não Tem Educação: A Obsolescência das Escolas de Negócios Tradicionais (Parte 2)

A Educação Executiva Não Tem Educação: Um Paradigma em Xeque

A provocativa afirmação de que “a educação executiva não tem educação” ecoa com crescente pertinência em um mundo onde a velocidade da mudança desafia constantemente as estruturas estabelecidas. Instituições de ensino de negócios e administração, que deveriam ser faróis de inovação e vanguarda, frequentemente se revelam ancoradas em modelos pedagógicos e estruturas organizacionais que remontam a mais de um século. Este anacronismo não é acidental, mas sim um reflexo de interesses institucionais e de uma inércia que, paradoxalmente, compromete a própria essência da educação: preparar profissionais para os desafios reais e futuros do mercado.

A Obsolescência Programada do Conhecimento Tradicional

O cenário corporativo contemporâneo é caracterizado por uma dinâmica implacável. Habilidades que ontem eram cruciais, hoje podem ser secundárias, e as que serão demandadas amanhã ainda estão em processo de definição.

Como aponta o relatório *The Future of Jobs 2023* do Fórum Econômico Mundial, citado em análise da MIT Sloan Review Brasil, quase metade das habilidades atuais estará obsoleta em apenas cinco anos.

Esta realidade impõe uma necessidade premente de reinvenção contínua, um “fluxo contínuo de habilidades” ou *skills flux*, como destacado por especialistas da Fundação Dom Cabral (FDC). Neste contexto, a vida útil de uma habilidade técnica específica pode não ultrapassar dois anos. Diante disso, como justificar modelos de graduação que se estendem por quatro longos anos ou programas de MBA que consomem 18 meses, focados em transmitir um corpo de conhecimento que, em grande parte, estará defasado antes mesmo de o profissional aplicá-lo integralmente?

A educação disruptiva surge como uma resposta direta a essa obsolescência. Ela propõe uma ruptura com os métodos padronizados e lineares, centrando-se na adaptação às necessidades individuais dos alunos e no emprego intensivo de novas tecnologias para tornar o aprendizado mais eficiente, prático e significativo. O modelo convencional, com o professor como detentor único do saber, simplesmente não dialoga com a era da informação distribuída e da inteligência artificial.

Interesses Velados e a Morosidade Institucional

A crítica central à educação executiva tradicional reside na percepção de que a manutenção de cursos longos e dispendiosos serve, primariamente, aos interesses financeiros das próprias instituições e de seus mantenedores. A lógica de “segurar o cliente” por quatro anos em uma graduação ou por dezoito meses em um MBA, mesmo ciente de que o conteúdo essencial poderia ser transmitido de forma muito mais concisa e eficaz, revela um descompasso fundamental com a missão educacional.

As entidades governamentais de educação, muitas vezes presas a regulamentações e processos burocráticos igualmente datados, acabam por chancelar esse modelo, dificultando a emergência e o reconhecimento de alternativas mais ágeis e inovadoras.

Essa estrutura, que beneficia a instituição em detrimento da otimização do tempo e do investimento do aluno, é a razão pela qual a “educação executiva não tem educação” no sentido de não oferecer a formação mais evoluída e adaptada tecnologicamente. A verdadeira educação, neste contexto, seria aquela que respeita o tempo do profissional, entrega conhecimento aplicável e desenvolve competências que realmente farão a diferença em sua trajetória.

A Urgência de uma Educação Executiva que “Tenha Educação”

Se a educação executiva tradicional parece carecer da “educação” correspondente à evolução tecnológica e às demandas do século XXI, o que caracterizaria um modelo verdadeiramente educativo?

Primeiramente, a agilidade. Cursos de graduação poderiam, e deveriam, ser condensados em no máximo dois anos, com foco intensivo no desenvolvimento de competências essenciais e na capacidade de “aprender a aprender”. Programas de MBA, por sua vez, poderiam ser reconfigurados para formatos de até seis meses, oferecendo especializações profundas e aplicáveis, alinhadas com as necessidades imediatas do mercado e as aspirações do profissional.

O foco deve migrar da simples transmissão de teoria para a aplicação prática do conhecimento. A aprendizagem baseada em projetos, o uso de simulações, a mentoria individualizada e a incorporação de ferramentas digitais não são mais diferenciais, mas sim componentes essenciais de uma formação executiva relevante. Como salienta a discussão sobre a *skill economy* no portal Seja Relevante da FDC, não se aprende mais *para* o trabalho, mas sim *enquanto* se trabalha e se aprende. Isso exige uma mentalidade de aprendizado contínuo e o desenvolvimento de meta-habilidades, como pensamento adaptativo e inteligência digital.

O Caminho da Inovação: Prática, Ferramentas Digitais e o Ecossistema CEO360

Cursos que priorizam as melhores práticas do mercado e capacitam os alunos na utilização eficaz de ferramentas digitais são, inegavelmente, mais assertivos e alinhados com as exigências contemporâneas. A teoria, embora fundamental, ganha significado quando conectada diretamente à prática e aos desafios reais do mundo dos negócios. É preciso ir além do diploma e focar na entrega de valor tangível para a carreira do profissional.

Nesse sentido, propostas inovadoras como o método CEO360, da Academia de Executivos, surgem como alternativas promissoras. Ao criar um ecossistema de aprendizado que integra mentoria personalizada, simulação de realidade virtual com agentes de IA, software para construção de planos de negócio, plataforma EAD e aplicativos para diagnóstico empresarial, o CEO360 materializa a premissa de que o aluno aprende praticando. Este modelo não apenas acelera o desenvolvimento de competências técnicas e comportamentais, mas também o faz de maneira contextualizada e imersiva, preparando o executivo para a tomada de decisão e a liderança eficaz em cenários complexos.

Conclusão: Rumo a um Novo Paradigma na Formação de Líderes

A provocação inicial de que “a educação executiva não tem educação” não é um mero jogo de palavras, mas um chamado urgente à reflexão e à ação. As escolas de negócios e administração tradicionais, com seus métodos e estruturas centenárias, correm o risco de se tornarem relíquias de um passado que não mais responde às necessidades de um presente em constante transformação e de um futuro cada vez mais imprevisível. Manter o status quo por interesse próprio é negar aos profissionais a educação ágil, prática e tecnologicamente avançada que eles merecem e necessitam.

É tempo de a educação executiva verdadeiramente “ter educação”: uma educação que abrace a inovação, que valorize o tempo e o potencial de cada indivíduo, e que forme líderes capazes não apenas de navegar pela mudança, mas de protagonizá-la. A transição para cursos mais curtos, focados em competências práticas e no uso inteligente da tecnologia, não é apenas uma tendência, mas uma necessidade imperativa para que a formação de executivos esteja, de fato, à altura dos desafios do nosso tempo.

By AE360

Leia também: A Educação Executiva Não Tem Educação: A Obsolescência das Escolas de Negócios Tradicionais (Parte 1)

Referências:

1.  Voitto. *Educação Disruptiva : O que É Como ela Impacta no Processo de Aprendizagem?* Disponível em: https://www.voitto.com.br/blog/artigo/educacao-disruptiva-o-que-e/

2.  MIT Sloan Review Brasil. *O fim da carreira de uma nota só*. Disponível em: https://mitsloanreview.com.br/o-fim-da-carreira-de-uma-nota-so/

3.  Fundação Dom Cabral (FDC) – Seja Relevante. *‘Skill economy’ e ‘skills flux’ norteiam o mercado*. Disponível em: https://sejarelevante.fdc.org.br/skill-economy-e-skills-flux-norteiam-o-mercado/

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