Geração Z é a menos flexível no trabalho, diz pesquisa

Geração Z é a menos flexível no trabalho, diz pesquisa

Estudo com 4,8 mil pessoas no Brasil analisou o comportamento de diferentes gerações nas empresas

Por Jacilio Saraiva – Jornal Valor Econômico

12/09/2023

Em uma escala de 0 a 100, profissionais da geração Z (nascidos a partir de 1997) alcançam a nota 57 em resiliência – competência que consiste em entender o momento de trabalho e demonstrar efetividade em circunstâncias de crise – ante 62 da geração Y (1981-1996); 64 da X (1965-1981) e 65 dos baby boomers (1946-1965).

Já em relação à flexibilidade, ligada a um comportamento de fácil adaptação às mudanças e ao fluxo de atividades, os Zs também apresentam índices inferiores aos demais pares de maior idade, em uma comparação de 56 a 61.

Os dados aparecem em uma pesquisa inédita da Talent Academy, startup de soluções para recursos humanos, realizada entre agosto de 2020 e agosto de 2023 com 4.859 empregados em médias e grandes companhias.

O estudo, obtido com exclusividade pelo Valor, se debruçou ainda sobre a capacidade de liderança. Nesse quesito, os baby boomers se destacam com a nota 60, antes da geração X (58), Y (54) e Z (46).

Profissionais da geração Z apresentam índices baixos em competências como resiliência, flexibilidade e capacidade de liderança, mostra pesquisa — Foto: Pexels

“O que mais chama a atenção na pesquisa são os resultados sobre a competência de liderar na geração Z, significativamente menor em comparação às outras, com um resultado 23,3% inferior ao patamar dos mais velhos”, analisa Renata Betti, cofundadora e CMO (diretora de marketing) da Talent Academy.

“É claro que pessoas mais novas e com menos experiência profissional não desenvolveram todas as habilidades necessárias para assumir posições de comando, e nem é esperado isso delas”, continua. “Por isso, os resultados podem sugerir um potencial desafio para as empresas que têm uma camada de liderança mais jovem e precisam desenvolver ‘skills’ interpessoais.”

Do total pesquisado, a maioria é homem (51,8%), com curso superior completo ou pós-graduação (55,9%), sendo 30,4% em cargos de decisão. Por faixa etária, inclui integrantes da geração Y (40%), Z (38%), X (20%) e baby boomers (1%).

Diante dos números apresentados, Betti recomenda que as chefias invistam em programas de desenvolvimento de competências focados na geração Z, especialmente nos quesitos avaliados no relatório, como flexibilidade, resiliência e liderança.

“Também seria valioso realizar treinamentos ‘intergeracionais’, a fim de promover a colaboração entre funcionários de diferentes perfis.”

A executiva lembra que a diversidade das equipes está diretamente ligada à inovação nas empresas, um recurso essencial para uma economia cada vez mais competitiva.

“O ideal é sempre reunir pessoas de diferentes gerações no ambiente de trabalho, identificando e potencializando o que cada uma tem de melhor”, afirma.

Índice das competências

Geração Resiliência Flexibilidade Liderança
Z 57 56 46
Y 62 61 54
X 64 61 58
Baby Boomers 65 61 60

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