Pesquisa revela como homens e mulheres veem a liderança feminina nas empresas. Há diferenças
Estudo realizado pelo Instituto Qualibest com 882 trabalhadores de todo o país traz a ótica de ambos os gêneros a respeito das gestoras
Por Fernanda Gonçalves, Jornal Valor Econômico
25/04/2023
Um estudo encomendado pela Agência Virta e realizado pelo Instituto Qualibest apontou as principais dificuldades vividas pelas líderes mulheres e a percepção de ambos os gêneros sobre as lideranças femininas. O levantamento foi realizado em março deste ano e contou com a participação de 882 pessoas de todo o país.
A pesquisa descobriu que homens e mulheres diferem de opinião a respeito das características mais presentes em mulheres líderes. Enquanto elas destacam suas habilidades em resolver problemas, os homens ressaltam a boa capacidade de comunicação que as mulheres possuem. Outros pontos lembrados pelos participantes foram empatia, inteligência emocional e firmeza na tomada das decisões.
Já quando se trata dos principais obstáculos enfrentados pelas líderes, Fábia Duarte, gerente de planejamento e atendimento do Instituto QualiBest, afirma que as discrepâncias entres os gêneros começam já no recorte do estudo: “a pesquisa foi feita com pessoas que trabalham em empresas. Por conta disso, tivemos mais de 60% dos homens abordados elegíveis para participar, e um pouco menos da metade das mulheres. Ou seja, os homens ainda estão mais presentes no mercado de trabalho, principalmente, o formal”.
Pesquisa aponta que mulheres acreditam em suas capacidades de resolver problemas, mas que ainda sofrem com assédio, preconceito, dificuldades em conciliar o tempo entre o trabalho e a família, descrédito e diferenças salariais — Foto: Pexels
Além disso, Duarte explica que os homens costumam trabalhar em empresas maiores em número de funcionários e dizem que a presença masculina é maior. “Já as mulheres estão em empresas menores, onde a presença feminina é maior”, complementa.
Em relação aos maiores desafios que tanto homens quanto mulheres acreditam que elas enfrentam no mercado de trabalho, a pesquisa revela que estão o assédio, o preconceito e a dificuldade de conciliar o tempo entre trabalho e família. “Enquanto cerca de 60% das mulheres afirmam já terem sofrido ou que ainda sofrem assédio, essa realidade está presente para menos de um terço dos homens”, detalha Duarte. “E 66% das mulheres sofrem ou já sofreram preconceito. Entre os homens, esse número fica em 45%”.
As mulheres também destacam o fato de se sentirem descredibilizadas por seu trabalho e a diferença salarial, pontos menos lembrados por homens durante o estudo. Já sobre oportunidades, um terço das mulheres dizem que o favorecimento aos homens é maior. Mas ainda que a realidade seja mais desafiadora para elas, oito em cada dez respondentes acreditam que uma divisão igualitária entre homens e mulheres na liderança favorece um ambiente de trabalho melhor.
“Proporcionar ambientes igualitários é importantíssimo e uma ação que deve ser imediatamente cuidada. Já a questão do assédio e preconceito precisa ser estudada, pois não são situações somente vividas pelas mulheres mas com as quais, certamente, elas sofrem com mais força”, pontua Duarte.
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