O consumidor será refém das poucas e grandes empresas? O que fazer?
A consolidação e concentração do poder de mercado em algumas grandes empresas pode ser motivo de preocupação, pois pode levar à redução da concorrência, a preços mais elevados e a escolhas limitadas para os consumidores. Hoje já vivenciamos a concentração em muitos mercados, onde a cada dia temos menos opções de fornecedores. Veja por exemplo o varejo nos EUA, onde Amazon e Walmart controlam mais de 70% do varejo online, e o setor de propaganda online, onde Google e Facebook controlam 80% do mercado. No Brasil temos essa realidade no setor bancário, onde 5 bancos controlam mais de 80% do mercado de crédito ao consumidor, o que faz com que tenhamos os juros mais do mundo no financiamento ao consumidor.
Para evitar esta concentração e garantir um cenário competitivo saudável, podem ser consideradas diversas opções que deveriam ser trabalhadas pelas esferas de governo e pelos consumidores. Por exemplo:
- Regulamentação Antitruste: Os governos podem aplicar e fortalecer as leis antitruste para evitar comportamentos anticoncorrenciais e fusões que possam levar a um poder de mercado excessivo. Os reguladores podem examinar minuciosamente as fusões e aquisições propostas para garantir que não prejudicam a concorrência;
- Supervisão Regulatória: Os reguladores podem implementar regras que exigem transparência e práticas comerciais justas. Podem estabelecer diretrizes para evitar preços discriminatórios, acordos exclusivos ou outras práticas que beneficiem injustamente os atores dominantes;
- Apoiar as pequenas e médias empresas (PME): Os governos podem oferecer apoio às PME, fornecendo financiamento, formação e recursos para ajudá-las a competir com grandes empresas. Incentivar o empreendedorismo e a inovação pode levar a mais concorrência;
- Educação do Consumidor: Educar os consumidores sobre as suas escolhas e o seu poder de influenciar os mercados através das suas decisões de compra pode ser importante. Os consumidores informados podem optar por apoiar pequenas empresas locais e evitar intervenientes dominantes quando tiverem escolha;
- Neutralidade da plataforma: Nos casos em que as plataformas digitais desempenham um papel significativo, garantir a neutralidade da plataforma pode ser essencial. Isto significa que as plataformas não devem favorecer os seus produtos ou serviços em detrimento dos dos concorrentes;
- Iniciativas de Dados Abertos: Incentivar a partilha de dados, especialmente em setores com elevados efeitos de rede, como as redes sociais, pode ajudar a criar condições de concorrência mais equitativas. Permitir a portabilidade e a interoperabilidade dos dados pode reduzir os efeitos de aprisionamento que mantêm os usuários vinculados a plataformas dominantes;
- Inovação e disrupção: Incentivar a inovação e a disrupção nos mercados pode ajudar a prevenir a concentração. Os ambientes regulatórios devem apoiar novos participantes e startups, promovendo a concorrência através de novas ideias e tecnologias;
- Cooperação Internacional: Num mundo globalizado, a cooperação entre países e regiões é importante. As empresas dominantes podem muitas vezes operar além das fronteiras, e assim a colaboração internacional na política antitruste e na manutenção da concorrência em geral é crucial;
- Escolhas do Consumidor: Os consumidores também podem desempenhar um papel na prevenção da concentração, optando ativamente por apoiar empresas locais, cooperativas e concorrentes mais pequenos, sempre que possível. O comportamento socialmente responsável do consumidor pode ter um impacto significativo;
- Responsabilidade Corporativa: Incentivar as grandes empresas a adotarem práticas empresariais socialmente responsáveis e éticas pode mitigar alguns dos efeitos negativos da sua concentração. Muitos consumidores procuram cada vez mais empresas que se alinhem com os seus valores.
É importante observar que a abordagem específica pode variar dependendo do setor e do cenário competitivo. Uma combinação destas estratégias pode ser necessária para promover a concorrência leal e proteger os interesses dos consumidores, garantindo que estes não fiquem reféns de algumas empresas dominantes.
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