A Educação Executiva Não Tem Educação: A Obsolescência das Escolas de Negócios Tradicionais (Parte 1)
A frase “a educação executiva não tem educação” carrega uma crítica contundente ao modelo tradicional de ensino em escolas de negócios e administração de empresas. Esse modelo, estruturado há mais de um século, está cada vez mais desalinhado das demandas do mundo contemporâneo, marcado por rápidas transformações tecnológicas, econômicas e sociais.
A educação executiva, em sua essência, deveria preparar líderes e profissionais para navegar um ambiente dinâmico e inovador. No entanto, as instituições tradicionais, muitas vezes, permanecem ancoradas em métodos obsoletos, currículos rígidos e estruturas que priorizam interesses institucionais acima da verdadeira aprendizagem.
Este texto disserta sobre como as escolas de negócios, ao seguirem diretrizes governamentais e interesses próprios, perpetuam um sistema educacional desatualizado, que não reflete a evolução tecnológica e as necessidades do mercado, propondo que cursos de graduação poderiam ser reduzidos a dois anos e MBAs a seis meses.
A Obsolescência do Modelo Tradicional
As escolas de negócios, como as conhecemos hoje, têm suas raízes no início do século XX, com a fundação de instituições como a Harvard Business School (1908) e a disseminação do modelo de gestão científica de Frederick Taylor. Naquela época, o ensino era estruturado para atender às demandas de uma economia industrial, com currículos focados em contabilidade, gestão de operações e hierarquias organizacionais. Contudo, o mundo mudou drasticamente desde então.
A revolução digital, a inteligência artificial, a automação e a economia colaborativa transformaram a forma como as empresas operam e como os profissionais precisam atuar. Apesar disso, muitas escolas de negócios continuam a operar com métodos de ensino que pouco evoluíram em 100 anos.
Um estudo da Harvard Business Review (2014) já apontava que os MBAs tradicionais estavam perdendo relevância, pois os currículos não acompanhavam a velocidade das mudanças no mercado.
Mais recentemente, artigos publicados em plataformas como o Financial Times (2023) e o Wall Street Journal (2024) destacam que empregadores valorizam cada vez mais habilidades práticas, como pensamento crítico, resolução de problemas complexos e adaptabilidade, em vez de conhecimentos teóricos extensos.
No entanto, as escolas de negócios persistem em oferecer cursos longos, com duração média de quatro anos para graduações e 18 a 24 meses para MBAs, muitas vezes inflados por disciplinas desnecessárias ou redundantes.
Essa estrutura prolongada não é apenas uma questão de inércia acadêmica. Há interesses econômicos claros em jogo. As instituições educacionais, muitas vezes, operam como negócios que dependem da retenção de alunos por longos períodos.
Um curso de graduação de quatro anos ou um MBA de dois anos garante uma fonte de receita estável, com mensalidades elevadas que, segundo o U.S. News & World Report (2023), podem ultrapassar US$ 50.000 por ano em escolas de elite.
Além disso, as diretrizes de entidades governamentais de educação, como o Ministério da Educação no Brasil ou o Department of Education nos EUA, frequentemente impõem requisitos burocráticos que dificultam a inovação curricular. Essas regulações, combinadas com a resistência de gestores acadêmicos e professores, criam um sistema que resiste à mudança, mesmo sabendo que o formato atual não é mais necessário.
A Educação Executiva e a Falta de Educação Alinhada à Era Tecnológica
A crítica central da frase “a educação executiva não tem educação” reside na desconexão entre o que é ensinado e as reais necessidades do mercado.
A evolução tecnológica permite que o aprendizado seja mais rápido, personalizado e acessível. Plataformas de ensino online, como Coursera, edX . AE350 e Udemy, oferecem cursos modulares que ensinam habilidades específicas em semanas ou meses, muitas vezes com certificações reconhecidas por grandes empresas.
A Khan Academy, por exemplo, demonstrou que conceitos complexos podem ser absorvidos em formatos compactos e interativos. No entanto, as escolas tradicionais raramente integram essas inovações, mantendo aulas expositivas, estudos de caso desatualizados e avaliações baseadas em memorização.
A AE360 forma profissionais completos em administração de empresas e gestão de negócios em apenas 6 meses por meio do método CEO360 — um ecossistema inovador que integra mentoria personalizada com tecnologias de ponta, como simulador de realidade virtual, ferramentas SaaS e um aplicativo exclusivo de apoio ao aprendizado.
Um exemplo claro dessa defasagem é o ensino de tecnologias emergentes. Segundo o World Economic Forum (2023), habilidades em inteligência artificial, ciência de dados e cibersegurança estão entre as mais demandadas no mercado. Porém, muitas escolas de negócios ainda tratam essas áreas como eletivas ou as abordam de forma superficial, enquanto dedicam semestres inteiros a disciplinas como teoria organizacional clássica. Essa priorização não reflete as necessidades das empresas modernas, mas sim a rigidez de currículos desenhados para cumprir exigências regulatórias e manter a estrutura financeira das instituições.
Além disso, a duração dos cursos é um ponto crítico. Com as ferramentas tecnológicas disponíveis, é possível condensar o ensino de administração em períodos muito mais curtos. Um curso de graduação em administração, que hoje leva quatro anos, poderia ser reduzido a dois anos, focando em competências práticas como gestão de projetos, análise de dados, liderança adaptativa e empreendedorismo. Da mesma forma, um MBA, que tradicionalmente exige 18 meses, poderia ser reformulado em seis meses, com módulos intensivos que combinem aprendizado online, mentorias personalizadas e projetos reais em empresas. Modelos como o da AE360 e da 42 School, uma instituição de tecnologia sem professores tradicionais, mostram que é possível ensinar habilidades complexas em prazos reduzidos, com foco em aprendizado prático e colaborativo.
O Interesse Próprio das Escolas de Negócios
Por que, então, as escolas de negócios não adotam essas mudanças?
A resposta está nos interesses institucionais. Além da receita garantida por cursos longos, há a questão do prestígio. Instituições como Wharton, INSEAD e FGV constroem sua reputação em torno de programas extensos e exclusivos, que atraem alunos dispostos a pagar altas mensalidades pelo “status” de um diploma reconhecido. Mudar para formatos mais curtos e acessíveis poderia ameaçar esse modelo de negócio, mesmo que fosse mais eficaz para os alunos.
Além disso, muitos professores e administradores têm carreiras construídas dentro do sistema tradicional. A adoção de métodos inovadores, como ensino híbrido ou currículos modulares, exigiria requalificação docente e uma reformulação completa da estrutura acadêmica, algo que encontra resistência interna.
Como apontado por Clayton Christensen em seu livro Disrupting Class (2008), as instituições educacionais são inerentemente resistentes à inovação disruptiva, pois ela ameaça os interesses estabelecidos.
Propostas para uma Educação Executiva Verdadeiramente Educativa
Para que a educação executiva tenha, de fato, “educação”, é necessário um redesenho profundo do sistema. Algumas propostas incluem:
- Redução da Duração dos Cursos: Graduações em administração poderiam ser condensadas em dois anos, com currículos focados em habilidades práticas e tecnologias emergentes. MBAs poderiam ser reformulados em seis meses, com formatos intensivos que combinem aprendizado online e experiências práticas.
- Personalização do Ensino: Aproveitar a inteligência artificial para criar trilhas de aprendizado personalizadas, permitindo que os alunos foquem nas áreas mais relevantes para suas carreiras.
- Integração com o Mercado: Parcerias com empresas para oferecer projetos reais como parte do currículo, garantindo que os alunos apliquem o conhecimento em contextos práticos.
- Foco em Habilidades do Futuro: Priorizar competências como pensamento crítico, resolução de problemas, liderança adaptativa e domínio de tecnologias emergentes, em vez de teorias desatualizadas.
- Regulamentação Flexível: Governos e entidades educacionais devem revisar suas diretrizes para permitir maior inovação curricular, reduzindo a burocracia que impede mudanças.
Conclusão
A frase “a educação executiva não tem educação” reflete uma verdade incômoda: as escolas de negócios tradicionais, apesar de sua reputação, estão presas a um modelo obsoleto que prioriza interesses institucionais acima das necessidades dos alunos e do mercado.
Com a evolução tecnológica, é possível ensinar administração de forma mais rápida, eficaz e alinhada às demandas do século XXI. No entanto, a resistência a mudanças, motivada por interesses econômicos e regulatórios, mantém o sistema estagnado. Para que a educação executiva seja verdadeiramente educativa, é necessário romper com as estruturas centenárias e abraçar formatos inovadores, com cursos mais curtos, personalizados e práticos. Só assim a educação executiva poderá cumprir seu propósito de formar líderes preparados para o futuro.
By AE360
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