Como os líderes podem promover um ambiente saudável para seus times

Como os líderes podem promover um ambiente saudável para seus times

Pesquisa apontou que 6 em cada 10 profissionais atribuem aos gestores a responsabilidade pelo bem-estar no trabalho

Por Fernanda Gonçalves – Jornal Valor Econômico

17/07/2024

Uma pesquisa realizada pela consultoria LHH revelou que 6 em cada 10 trabalhadores atribuem aos líderes e gestores a responsabilidade por assegurar um ambiente de trabalho diverso e inclusivo. O levantamento “Força de Trabalho Global” ouviu 30 mil pessoas em 23 países, incluindo o Brasil.

O estudo apontou ainda que mais de 40% dos entrevistados acreditam que tiveram sua saúde mental prejudicada como resultado direto de um ambiente de trabalho nocivo.

Alexandre Marins, diretor de desenvolvimento de talentos na LHH, cita o aumento crescente e contínuo da pressão de “fazer mais com menos” como um dos fatores que prejudicam o ambiente de trabalho e levam ao esgotamento mental. “A cada ano as empresas seguem reduzindo custos e quadro de pessoal. Assim, os trabalhadores se sentem altamente tensionados com inúmeros assuntos e metas simultâneas”, comenta.

Outro fator apontado pelo especialista são as mudanças frequentes, que fazem com que a força de trabalho se sinta pressionada a responder rapidamente a todas as transformações em curso. “Todo ser humano é capaz de se adaptar a mudanças, porém, existe um tempo mínimo necessário para que isso se dê internamente”, explica. “O gasto de energia necessário para dar conta disso, aliado ao ritmo pesado do trabalho potencializa o esgotamento mental”.

Além disso, ele destaca que nem sempre há uma comunicação clara e adequada em torno das mudanças. “Ou seja, as pessoas não conseguem sequer compreender o objetivo e propósito dessas mudanças”, pontua.

Pesquisa revelou que 40% dos entrevistados acreditam que tiveram sua saúde mental prejudicada como resultado direto de um ambiente de trabalho nocivo — Foto: Pexels

Roberto Aylmer, consultor em desenvolvimento humano e especialista em gestão estratégica de pessoas, aponta a sensação de não estar apto para atender a expectativa do líder como um dos pontos responsáveis pelo esgotamento mental. “Quando o funcionário recebe uma demanda complexa, mas tem segurança que receberá suporte e recursos, a pressão advinda desta demanda vai se transformar em uma expectativa de sucesso, e isso gera motivação. Por outro lado, se ele recebe uma demanda em que as chances de sucesso são pequenas, ela vai criar uma expectativa de fracasso”, explica. “Se a pessoa imagina que não vai conseguir entregar dentro da expectativa do chefe, ela começa a construir um cenário de medo”.

Marins ainda chama atenção para a falta de abertura e segurança psicológica no ambiente de trabalho. “Estamos falando desde a dificuldade em poder cometer e relatar um pequeno erro, passando pelo espaço de diálogo sobre prazos e carga de trabalho, até questões mais sérias como poder expor questões de saúde ou de momento de vida pessoal”, exemplifica.

“Existem questões ainda mais graves. Sabe-se da existência de culturas organizacionais onde as pessoas não só não desfrutam da segurança como também experimentam ambientes tóxicos, onde sofrem situações de perseguição, ameaças, bullying, entre outros comportamentos nocivos”, acrescenta.

Como os líderes devem agir

De acordo com Marins, os líderes que desejam promover um ambiente de trabalho seguro devem procurar construir conexão com cada membro do seu time. “[Eles podem] se aproximar, conhecer as pessoas, suas histórias, estilos e motivações”, sugere.

Uma vez a conexão estabelecida, o especialista recomenda implementar uma frequência de diálogos que vá além das conversas regulares de progresso de atividades ou das discussões de trabalho. “[É importante] se mostrar atento e empático com as questões e necessidades pessoais, bem como assegurar uma rotina de feedback construtivo com cada um”, diz.

Ele reforça que também é fundamental estender e ampliar para essa construção no espaço coletivo do time e que o líder precisa estar atento aos seus vieses. “É muito comum o líder demonstrar preferência a aqueles do time que se assemelham ao seu estilo pessoal”, observa. Assim, Marins aconselha os chefes a procurarem equilibrar oportunidades entre todos, demonstrar interesse, dar espaço a todas as ideias e possíveis contribuições, além de delegar tarefas com o intuito de promover o protagonismo e a autonomia dos membros da equipe.

Aylmer, por sua vez, defende que os líderes devem oferecer seu tempo para apoiar e orientar as pessoas. “Quando o líder se importa, ele está atento ao equilíbrio de carga de trabalho e nível de formação do seu time”, afirma.

Por fim, Marins enfatiza que os chefes precisam cuidar da própria saúde mental. ”Líderes exaustos e em sofrimento terão maior dificuldade em promover o ambiente adequado para a sua equipe”, alerta.

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