FAMÍLIA S.A – Nossa primeira empresa
As primeiras empresas nasceram dentro das famílias, onde o artesão pai passava seus ensinamentos aos filhos e estes para as novas gerações que através do talento e ambição individual ia desenvolvendo o negócio. Nesse ambiente familiar a relação com o outro era pautada nos laços familiares que ajudavam a minimizar os estresses da relação e do cotidiano corporativo, afinal todos conheciam todos e o espírito familiar reinava. Com o crescimento natural do negócio, a “família” se transformou em “empresa“, que com o grande número de colaboradores tornou impossível manter a cultura patriarcal e familiar vigente até então, abrindo espaço para a chegada de novos membros que traziam com eles outros valores e princípios de gestão.
Esta breve introdução nos permite dizer que empresas são organizações compostas por grupos diferentes de pessoas adultas que dividem o mesmo espaço e ambiente, compartilham os mesmos valores e estão em busca de um objetivo comum. Logo podemos afirmar que empresas NÃO existem. O que existe são grupos de pessoas trabalhando em prol de um propósito comum. Se antes crescíamos juntos como membros da mesma família o que nos permitia conhecer um ao outro, agora convivemos com estranhos ,de lugares distantes do nosso, fazendo com que a diversidade esteja presente em sua plenitude. Agora só nos resta perguntar: Quem é você? Você quer me conhecer? Como vamos nos relacionar?
Se as organizações são instituições criadas por homens e mulheres, por que é que negligenciamos tanto o processo GENTE quando estudamos os tradicionais cursos de “administração de empresas”?
O mundo está tão louco que já não paramos mais para olhar, observar e perceber o outro. Embora pense que nunca fizemos isso corretamente. Nunca nos ensinaram uma vez que também nunca foram ensinados.
No passado tínhamos menos distrações e de forma natural acabávamos tendo mais interações que permitiam conhecer melhor aqueles com quem convivíamos.
Sim, observar, prestar atenção e buscar perceber as diferenças e similaridades entre as pessoas e assim entender porque nossas relações são tão diversas, onde com uns as coisas fluem tranquilamente e com outros são tão difíceis.
Tudo começa dentro da família, onde lá estão nossos amados e ao mesmo tempo nossos maiores desafios, uma vez que a heterogeneidade de cada um trás exercícios diários de tolerância, compreensão e paciência. Por mais que tentemos, as afinidades entre os membros são diferentes, pois acabamos ficando mais próximos de uns e mais distantes de outros, mesmo se tratando de pais, filhos, irmãos, avós, tios, padrinhos e demais relações familiares que vivenciamos.
A melhor explicação para as desavenças era “vocês são diferentes” e por isso não se entendem. Sem contar aqueles comentários comparativos, “por que você não é como seu irmão”?
Sim, somos diferentes; mas onde, como e o que precisamos fazer para nos relacionar melhor? Estes questionamentos ficavam no ar e raramente encontrávamos alguém disposto e preparado para nos orientar.
E o que chama mais atenção é que estamos falando de relações familiares que são ou deveriam ser pautadas pelo sentimento milagroso do amor.
Depois da família, vem a escola seguida pelas relações profissionais, onde os desafios se tornam ainda maiores, uma vez que mundo empresarial é guiado pelo forte espírito da competitividade, cujo sentimento preponderante já não é mais o amor, e sim o orgulho, o egoísmo e a ambição que juntos se transformam na vaidade; sentimento difícil e complicado de entender e administrar.
Estes pensamentos e questionamento me fizeram entender porque a figura do Coach corporativo seja tão demandada nos dias de hoje, cujo papel é a “educação emocional” dos profissionais, que trazem muitas questões e pouco conhecimento. O desafio agora é ensiná-los a entender e a perceber as diferenças comportamentais e como agirem dentro de suas características, respeitando a “persona” do próximo.
Técnicas como PNL (Programação Neurolinguística), Análise Transacional e Dominância Cerebral, para mencionar as mais simples, resolutivas e de fácil compreensão, têm sido muito úteis para melhorar o ambiente e o clima organizacional na medida em que ajudam e incentivam o olhar, o observar e o perceber.
Autoconhecimento passa por entender quem é você, quais são suas fortalezas e suas fraquezas. Entender como elas influenciam suas funções no cotidiano operacional junto aos seus pares ((Dominância Cerebral – analítico, experimental, controlador ou relacional), afinal não dá para ser bom em tudo; nas relações negociais (Qual é o seu estilo de negociador- Analítico, Pragmático, Expressivo ou Afável?) e principalmente no seu modelo de liderança (Rei, Guerreiro, Mago ou Amante, descritos no livro Con-Viver em Equipe de Gustavo e Magdalena Boog e tantos outros arquétipos descritos ).
O escritor Daniel Goleman, autor do livro Inteligência Emocional, traz de forma simplificada três características que deveríamos cultuar para nosso autoconhecimento. São elas: Percepção das Próprias Emoções (o que estou sentindo e como este sentimento me afeta?); Auto Avaliação Precisa (Quais meus pontos fortes e fracos?) e o Autocontrole (como manter meu equilíbrio interior independentemente do exterior?).
Experimente exercícios diários de observação, onde por alguns minutos você irá focar no comportamento de seus pares, chefes, subordinados e sem julgá-los, com humildade, tranqüilidade, tente compreender seus estilos e porque são como são.
Estão motivados? O que os motiva? O que gostam de fazer? O que aprendem rápido? O que fazem bem feio e o que tem dificuldade de fazer? Como se expressam: palavras, tom de voz e expressão corporal? Sabem ouvir ou preferem falar? Como se vestem? Como se organizam? Quais são seus hábitos? Seus hobbies? Suas relações familiares? Possuem amigos?
Compreender quem sou e quem é o outro, fortalece o “quem somos nós”, que se materializa num ambiente agradável e extremamente construtivo, necessário para a construção de uma empresa vencedora.
Faça o que é ESSENCIAL: Observe e se deixe observar!