O melhor CEO é aquele que alia integridade e inovação, diz pesquisa
Levantamento baseado nas maiores empresas dos EUA analisou os diferentes perfis de liderança
Por Jacilio Saraiva, do Jornal Valor Econômico
07/04/2023
Adesão à inovação e a habilidade para analisar riscos formam uma combinação rara entre perfis de CEOs, segundo uma nova pesquisa realizada por professores da Universidade Estadual de Kennesaw, no Estado da Geórgia, nos Estados Unidos.
“Ser muito íntegro é uma das qualidades mais importantes de um líder, no contexto da lealdade à organização e na prevenção de fraudes”, disse Prachi Gala, professora assistente de marketing na Kennesaw e uma das autoras do estudo, ao “The Conversation”, site global de colaboração entre acadêmicos e jornalistas que se dedica a notícias baseadas em pesquisas. “No entanto, nossa equipe investigou se há alguma desvantagem em ser um chefe ‘tão certinho’, pensando em inovação.”
Pesquisa revela que a linguagem utilizada pelo CEO impacta nos resultados da empresa, já que revela a forma como o executivo tende a agir — Foto: Pexels
Para isso, os estudiosos analisaram informações financeiras de 2014 a 2017 de 213 empresas da lista “Forbes 500”, dirigidas por CEOs contratados entre 2011 e 2013, que permaneceram nas companhias até, pelo menos, 2018. A Forbes 500 elenca as 500 maiores firmas dos Estados Unidos pela combinação de cinco fatores: vendas, lucro, ativos, valor de mercado e número de empregados.
Com esse conjunto em mãos, o grupo determinou o nível de integridade dos dirigentes analisando as cartas anuais enviadas aos acionistas a partir da busca de palavras-chave.
“Levantamentos mostraram que executivos que escolhem muitas expressões como ‘porque’ e ‘portanto’ são inclinados a ter um baixo grau de retidão porque esses termos servem, frequentemente, para ajudar a justificar temas eticamente questionáveis”, garante Gala. “Dessa forma, classificamos os CEOs que usaram poucas dessas palavras como sendo donos de um alto nível de honestidade.”
A pesquisadora diz que testou a validade do método de várias formas, inclusive observando as empresas classificadas por observadores independentes, como a Forbes, como as mais éticas. “Encontramos uma alta ligação entre a medida de integridade que criamos e as companhias da lista.”
Da mesma forma, para avaliar o quão inovadores, proativos e dispostos a assumir riscos os CEOs eram, foram verificadas as correspondências com frases relacionadas a essas características.
A análise da professora descobriu que os CEOs que obtiveram a pontuação mais alta em termos de integridade também mostravam um score mais baixo nos critérios de inovação, proatividade e riscos – habilidades frequentemente associadas a um comportamento empreendedor.
Por outro lado, a combinação integridade-inovação-proatividade-riscos pareceu mais fraca entre os executivos responsáveis por marcas voltadas ao consumidor, como as varejistas; e entre aqueles que recebiam parte da remuneração via ações – que recompensa os desempenhos mais robustos.
O estudo conclui que empresas lideradas por chefias que assumem mais riscos, agem de forma proativa, são inovadoras e têm mais chance de superar a concorrência porque são ágeis na busca de oportunidades de mercado.
Gala destaca que o trabalho não está sugerindo que as organizações evitem contratar líderes com altos níveis de integridade.
“Na verdade, a pesquisa mostra que a honradez é uma ‘marca’ da boa liderança e fundamental para promover o comprometimento e a lealdade entre os funcionários”, justifica.
No entanto, continua, os conselhos têm o dever de escolher os executivos que vão gerar valor aos acionistas. “Eles devem estar cientes dessas tendências e ajudar os CEOs considerados altamente íntegros a executarem um trabalho melhor, oferecendo, por exemplo, remuneração baseada em incentivos e estruturas que estimulem a inovação.
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