Saiba quais são as prioridades da Gestão de Pessoas em 2023
Entre as prioridades está desenvolver as chefias para um novo contexto de produção, que exige mais flexibilidade, humanidade e, ao mesmo tempo, eficiência e resultados — Foto: Freepik
Pesquisa com 1,7 mil executivos reúne tópicos em alta nas companhias; capacitação da liderança é um deles
Por Jacilio Saraiva — De Valor Econômico – São Paulo
13/02/2023 05h02
O desenvolvimento e a capacitação da liderança (50,8%), a cultura organizacional (34,8%) e a comunicação interna (29,1%) serão as três principais prioridades das áreas de gestão de pessoas no Brasil, em 2023. É o que revela pesquisa inédita da consultoria global Great Place To Work (GPTW) e do Great People, ecossistema de marcas que apoiam empresas na construção de ambientes de trabalho mais saudáveis. O estudo ouviu 1.716 executivos, sendo 63,2% de recursos humanos e 36% em cadeiras de gerência e diretoria.
“Pela segunda vez [em cinco edições da pesquisa], a capacitação dos líderes ocupa o primeiro lugar da lista de prioridades das companhias”, destaca Daniela Diniz, diretora de conteúdo e relações institucionais do Great People. “O mundo do trabalho mudou e há mais gerações trabalhando juntas”. É preciso desenvolver as chefias para um novo contexto de produção, que exige mais flexibilidade, humanidade e, ao mesmo tempo, eficiência e resultados, explica.
O trabalho mostra que as características mais valorizadas das lideranças pela cúpula das organizações são empatia e gestão humanizada (46,8%), conhecimento do negócio, produtos e serviços (43,2%), alinhamento com a estratégia (41,4%), resiliência e adaptação às mudanças (35,6%).
Diniz também chama atenção para outros dados revelados pelo estudo. Há uma maior incerteza do brasileiro quanto ao cenário de trabalho, diz. No ano passado, o índice de “incerteza” marcou 19% e, em 2023, subiu para 30,5%. Já a taxa de “otimismo”, que mede os sentimentos positivos em relação ao ano, caiu de 80% para 67,8%, no mesmo período.
Entre as prioridades está desenvolver as chefias para um novo contexto de produção, que exige mais flexibilidade, humanidade e, ao mesmo tempo, eficiência e resultados — Foto: Freepik
A escassez de vagas no mercado de trabalho pode ser uma das razões para o derretimento da confiança dos profissionais. De acordo com o relatório, apesar de 54,7% das empresas afirmarem que pretendem aumentar o número de empregados em 2023, 27,6% não planejam fazer contratações e 5,3% estudam a possibilidade de realizar demissões.
“Houve desaceleração nas contratações da área de TI, reforçando o cenário de demissões em alta”, pondera. “Esse setor sempre foi o mais aquecido nas pesquisas anteriores mas, este ano, despencou para o terceiro lugar, o que indica que ainda poderemos ver ajustes nos times das empresas do ramo”. Segundo o relatório, os departamentos que as diretorias mais desejam reforçar com admissões são suporte e operação (30,5%), relacionamento e vendas (30,2%) e tecnologia (26,6%).
A diretora do Great People também destaca a queda do tema “transformação digital”, que é citado entre os desafios e prioridades das chefias. “O assunto era a segunda e a terceira preocupação das empresas nas pesquisas entre 2018 e 2021”, compara. “Em 2022, despencou para o nono lugar e, em 2023, foi para a décima primeira posição. A percepção é que as companhias superaram essa fase e já estão vivendo a era digital.”
As tendências e contratações em 2023 — Foto: Imagem Valor Econômico
Diante dos resultados do estudo, Tatiane Tiemi, CEO do Great Place To Work, recomenda aos CEOs mais atenção a ações ligadas à diversidade & inclusão (D&I), saúde mental e à cartilha ESG (boas práticas ambientais, sociais e de governança).
“A D&I aparece como algo estratégico e no radar das principais organizações, mas os números ainda demonstram mais discurso e pouca ação”, diz. “É preciso colocar essa pauta em prática.” Conforme o relatório, entre os entrevistados que consideram a D&I uma agenda estratégica, 45,1% afirmam que a empresa está em um nível de “baixa maturidade” em relação ao tema, enquanto apenas 17,3% colocam o assunto em um patamar de “alta maturidade”.
Para ser considerada em um estágio de maturidade elevado no setor de D&I, segundo a pesquisa, a companhia deve ter um time ou comitê que acompanha as ações, com metas definidas e por meio dos principais indicadores.
Sobre o avanço do ESG, sigla que se refere às melhores práticas ambientais, sociais e de governança, Tiemi considera que há ações pontuais e isoladas nas empresas que, muitas vezes, não “conversam” entre si. A maioria dos grupos ouvidos no levantamento (23,8%) não tem iniciativas ou políticas estruturadas de ESG, enquanto 18,1% mantêm práticas de sustentabilidade, mas que não são organizadas ou ligadas a movimentos globais.
A executiva mostra preocupação sobre as diretrizes de saúde mental adotadas pelas organizações. A análise aponta que menos da metade das empresas (49,7%) tem um orçamento direcionado para área em 2023, bem abaixo da parcela (90%) das marcas listadas no ranking As Melhores Empresas para Trabalhar em 2022, elaborado pelo Great Place To Work, que adotava práticas relacionadas ao bem-estar. “Se olharmos para os números desse pilar, ainda percebemos poucas estratégias efetivas para lidar com a questão”, diz Tiemi.